CMA-J

Colectivo Mumia Abu-Jamal

Polícia agride selvaticamente "Hezbollah" e "LBC"

O clima de violência policial é cada vez mais constante. Os bairros pobres são o alvo preferencial da repressão, multiplicando-se os exemplos de brutalidade com contornos racistas e xenófobos, actos esses que têm o objectivo de intimidar em particular os jovens cuja consciência se pauta pelo repúdio aos crimes que são apadrinhados pela sociedade capitalista, apesar das palavras "humanistas" da Constituição e dos manuais das forças policiais.

Desta vez ocorreu mais uma agressão cujos alvos foram Hezbollah e LBC, dois conhecidos rappers com os quais desenvolvemos uma amizade assente na igualdade, reprocidade e respeito mútuo.

Na madrugada do passado dia 14 de Junho, no centro da Amadora, os rappers Hezbollah e LBC, acompanhados de outros jovens, dirigiam-se ao bairro da Mina na Amadora, De repente, Hezbollah viu um carro da PSP a aproximar-se e um agente fardado a apontar uma arma na sua direcção. LBC ainda gritou que Hezbollah estava desarmado, mas o homem disparou um tiro na direcção de Hezbollah. Este escondeu-se atrás de um automóvel, enquanto o agente o procura, descobre-o e corre direito a ele, outro agente sai do carro e os dois agarram-no e começam a pontapeá-lo, sempre sob a ameaça de uma arma. Um dos agentes algema Hezbollah e obriga-o a deitar-se de barriga para baixo enquanto o outro o pontapeia. Entretanto, num segundo carro, surgem mais dois polícias à paisana que observam a cena.

LBC também acabou por se aproximar, sendo de imediato agarrado, deitado ao chão, algemado e pontapeado. Um agente põe-lhe o pé sobre a cabeça e tira-lhe a carteira e o telemóvel. Os dois foram depois levados em carros separados para a Esquadra da Mina, onde Hezbollah, sentado numa cadeira e imobilizado por dois agentes, foi espancado com murros e joelhadas na barriga por um agente de nome Monteiro, tendo acabado por vomitar. LBC também foi espancado e os dois foram depois levados para a Esquadra do Casal da Boba, onde foram encostados à parede. Hezbollah foi novamente imobilizado por vários agentes e pontapeado por um agente de nome Nunes. Os polícias ameaçaram explicitamente os dois jovens que os seus cadáveres poderiam vir a ser encontrados na mata de Monsanto. São levados de novo à Esquadra da Mina e Hezbollah é novamente imobilizado e agredido pelo agente Monteiro. LBC também acaba por ser pontapeado quando tentou defender o seu amigo. Tentam obrigar Hezbollah a limpar o vomitado e, perante a recusa deste, arrastam-no pelo chão até o vomitado encharcar a sua roupa. É novamente pontapeado e insultado.

Os dois rappers ficaram detidos até ao fima da manhã e foram intimados a comparecer no Tribunal de Alfragide no dia 14 de Junho. A intimação indicava-os como arguidos e acusava-os de “agressão à integridade física”. No tribunal encontraram os agentes Monteiro e Ferreira, à paisana. Também estavam presentes o rapaz e a rapariga com quem Hezbollah tinha trocado palavras e socos na Estação da Amadora. Os polícias deram-lhes dois chocolates Twitters.

Realce-se que Hezbollah saiu muito recentemente de um julgamento onde fora acusado de agressão a um agente, tendo-se provado em tribunal precisamente o contrário: Hezbollah foi alvo de uma violência tão grande que ficou com o nariz partido. A prova de que esta agressão se tratou de uma vingança policial devido a essa prova em tribunal, foi que um dos agentes disse: “Aqui estão os dois gajos. Qual de vocês é que tem um caso com a polícia?”.

O actual episódio que agora descrevemos merece do Colectivo Mumia Abu-Jamal o total repúdio, e exigimos a punição dos agressores por mais este acto bárbaro.

Solidariedade total com Hezbollah e LBC.
Basta de brutalidade policial!
Basta de manifestações racistas e xenófobas!

CMA-J
17 de Junho de 2010

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