CMA-J

Colectivo Mumia Abu-Jamal

Presença da Associação Portuguesa para a Prevenção da Tortura (APPT) no Parlamento


 
"No próximo dia 28 de Maio às 11h45 na AR, a APPT será recebida não por quaisquer das Senhoras a quem foi dirigido o pedido (Senhora Presidente da Assembleia da República e Senhora Ministra da Justiça) mas por alguém da 1.ª Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias presidida pelo Deputado Fernando Negrão.
A APPT e outras pessoas e entidades empenhadas em assuntos prisionais, incluindo a ACED, procuram organizar esforços no sentido de dar conteúdo e capacidade de intervenção ao processo de implementação dos normativos a desenvolver a partir da ratificação por parte do Estado português do Protocolo Adicional da Convenção da Tortura. Cujo primeiro acto público foi a indigitação da Provedoria de Justiça como sede da Entidade Nacional para a Prevenção da Tortura.
A Provedoria de Justiça, pela sua actuação passada e presente, expôs-se a merecer uma conotação de proximidade com o poder do Estado e insensibilidade às questões da tortura - a que jamais fez referência pública (será que existe tortura em Portugal?). Foi o Conselho da Europa, através do mais recente relatório do Comité de Prevenção da Tortura, referente a 2012 e publicado este ano, a vir dizer que quase nunca as autoridades portuguesas conseguem determinar os factos quando ocorrem fortes indícios de existência de maus-tratos, tratamentos degradantes ou torturas – embora haja notícias de perseguições policiais e judiciais contra quem denuncia torturas, a começar pelas vítimas. Por outro lado, em audiência com o actual Provedor de Justiça soubemos que ele se dispunha (à data) a fazer o trabalho de prevenção da tortura sem custos e fazendo, portanto, o mesmo que tem vindo a fazer - pois nunca lhe faltou competência estatutária para cumprir essa missão, caso entendesse dever fazê-la. Tendo ficado inclusivamente claro que, por vontade do actual titular, nenhuma acção da sociedade civil seria admitida nesse quadro, a não ser o concurso à participação de um conselho para produção de conversa sobre o assunto.
Dados os factos, é nossa preocupação estar-se a encenar um processo político de esterilização do Protocolo Adicional da Convenção da Prevenção Contra a Tortura da ONU, em Portugal. Como se sabe, o estado português, judicial e executivo, especializou-se em desenvolver, ao mesmo tempo, uma vergonhosa e escandalosa impunidade para os poderosos e uma dureza discriminatória, mesmo sem justificação, contra os mais fracos.
Esperamos que a APPT saia do Parlamento com alguma esperança concreta de não ser mais do mesmo que esteja a ocorrer.
A ACED apoia e apoiará as iniciativas da APPT no sentido de fazer vingar o espírito do compromisso internacional que Portugal subscreveu e ratificou de se esforçar para evitar a tortura. "

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